sexta-feira, 31 de julho de 2015

Chegará o dia

Algumas almas nascem marcadas,
São paridas no ringue
Crescem em tatames
Envelhecem em campos de guerra
Aprendem a ter a dor como velha amiga
O sofrimento como companheiro de quarto

Mas chegará o dia

Estes corpos cansados desde a nascença
Enfrentam a insensatez dos desrespeitos diários
que se impõem como marteladas na cabeça
Chacoalhadas nos ombros
Chicotadas nos troncos
Batons nos lábios

Mas nunca esqueça,
Chegará o dia

Algumas almas nascem grandes.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Canções do mundo

Mil histórias que voam pelo ar
Notas de farfalhar
Quem compõe o vento?
Conto ouviu o sabiá proclamar
Bem-te-vi que canta faz pombo dançar
Eu canto e conto o que vi
Ou-vi e vi-vi, viu?
Cada canto en-canto

Cada burbúrio, um piar

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Coisas do mar

Salva-dor, me deixastes doente.
Pisei na sua terra de mar, meu coração de galhos secos sofreu com tanto sal. À beira do leito, avistei uma brisa, que corria no vento, queria me carregar. Era como uma onda, não sabia se ia ou ficava. Eu sabia que queria ficar. Tantas idas e empurrões, me afogaram. Senti mais de uma vez o sal nos olhos.

É que o mar não entende. O cerrado é seco mas é sensível.

Explorei a cidade noturna em busca. Coletei conchas bonitas, pedras raras, caracóis de cabelos curtos. Porque a noite é escura como um nego, mas também é solitária só com o luar. Ouvi dizer que um dia o mar vem fazer visita. Com sua mala de algas e seu cheiro de brisa.

Cultivemos.

O cerrado dentro de mim pega fogo. O mar dentro de você tira onda.
E tudo o que eu quero é um mergulhinho, uma orla para me aconchegar. Mas Okô disse que a minha horta vai vingar.

Cativemos.

Um dia, água doce transbordará em meu peito pesca-dor.