sábado, 14 de junho de 2014

bola no pé, dinheiro na mão

aqui a grama é sempre verde mas é sintética

sou patriota veja só
minha poltrona é de couro, o charuto é cubano
no pé a chuteira é blindada, bem benzida e bem paga
quebrante aqui não rola

meu futuro é brilhante, minha vida é a bola
mas nasci no submundo
a sorte me escolheu, i'm fine, estou bem
as estrelas estão ao meu lado mas não de todos

jatinho, navio, trem, espaçonave, eu quero é distância
eles que se virem
se há ressaca e dinheiro minha equipe está atrás
se há pobreza e desassossego dou um chute mas não faço gol

enquanto eu estiver jogando e eles torcendo
as lágrimas serão afagadas e tudo estará bem
it's okay, my darling
tenho luzes artificiais no meu quarto de hotel
para abarcar a escuridão do mundo

velejando pela desalienação

não sou de direita nem de esquerda, sou de Deus
sou um plano cartesiano
amo o brasil mas só passo as férias em miami
com chocolate quente e starbucks
cuscuz com leite não é para mim

cidadão de bem
meu iate só navega pelo mar de cabeças
comprarei um barco à prestação
14x cartão internacional
 para fugir dessa ilha de ilusões na qual me aprisionei

o mundo é tão imenso, tão diverso, e meus olhos tão pequenos
aliens aliados
esses óculos importados  só embaçam a visão
eu que me achava "certo" vi que o mundo estava errado, uma inversão
como lidar com o acordar para o pesadelo?