quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Não atirem, por favor

a morte bate à nossa porta
nosso canto fúnebre assusta, apavora
canalhices acobertadas por instituições
corpos jogados ao chão por analíticas suposições
provas desprovidas de devida atenção
foi homicídio ou proteção?
estamos defendendo o povo de bem do povo de mal
o olhar resiliente da criança indefesa assusta afinal
mas é preta a cara que te encara
não é pura, é demoníaca
tem que matar, dispara

a morte bate à nossa porta
suor laborial complacente, cansaço entorpecente
raízes indesejadas que nascem em solos improváveis
estamos adoecidos, onde estão os injetáveis?
meus braços cansados levantados
meus pedidos não ouvidos, ignorados
quadrilhas sistematicamente organizadas e
guerras inescrupulosas acobertadas
mas onde estão as flores? burguês quer falar de amores
olhe para a botina de um soldado e verás
o mundo de purpurina virar um mundo de horrores

a carne é podre, é assassina
os véus meticulosamente costurados escondem a tão dita chacina
a crueldade, desumanidade de um povo
o olhar demoníaco não é nosso, é deles, nada novo
quem empunha o revólver hoje, incontáveis vezes antes
o massacre sempre teve uma desculpa alarmante
a defesa
do homem branco

malditas formações arcaicas
que criam indiferenças cultuadas
extermínios disfarçados de caridades
um mundo repleto de bestialidades
nosso calvário é a segurança deles
e os danos psicológicos vem com os meses
a nossa sorte simples consequência
e a nossa morte vem por inadimplência
corporações e escravos do século XXI
jovens problemáticos e loucos tão cedo
atirem, por favor


a morte é o menor de nossos medos

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