com
meus olhos vesgos e meus pulmões falidos
caminho
sozinha nesse beco perdido
os
pés no asfalto, os olhos na lua
os
sonhos distantes, a alma tão crua
com
minha má postura e meus pelos em excesso
percorro
as inseguranças desse universo
que
é o meu corpo e que é um processo
e
percebo que pequena me faço grande, o reverso
a
solidão que sinto hoje não é nada
comparada
àqueles becos escuros da madrugada
onde
o silêncio é corrente imaculada
e
a fome coloca a sua existência em jogada
mas
sábio mesmo é obedecer aos mandamentos de quem domina
fica
ligado, quem acata não é quem pira
nossos
corpos não são nossos, nem teus pensamentos
fuja
dos enfeitiçados e prepara-te para os xingamentos
nesse
mundo distorcido quem vê além é quem sofre
nessa
perspectiva revertida decidi ser o que é torpe
nas
desalinhanças das distorções o torto se ajeita
nasci
errada mas no final a alma se endireita
sentir que tudo isso não foi feito para a vida
ver que a norma social é prisão que te limita
respirar consciente dos ventos que invadem
proclamar a liberdade, lutar, ter coragem
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