quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

anemia profunda

hoje acordei e dei de cara com a minha hipocrisia
escancarada no espelho
nem o rímel barato ou o batom vermelho esconderam
aquela que me encarava afiada, o hálito cheirando a medo
sentia o corpo pesar, a alma fincar os pés no chão
o desespero que nos faz aceitar a cruel e preterida condição
a carne é fraca mas a mente é mais ainda
dar murro em ponta de faca
c'est la vie, minha querida
só mais um peixe que segue o cardume
que não concorda mas que segue por puro costume
andar pelas ruas e ver a solidão
ir para o bar beber inquietação
discursar revolução, três horas e nenhum verbo
não agir, aparentar ser, toda ideologia tem seu credo
mas não ligue a tv no domingo,
não aja como se tudo fosse um simples mal entendido
você ainda compra sacolas e sacolas no natal
a pirâmide precisa da sua base fiel afinal
hoje acordei e dei de cara com a minha apatia
a consciência que entrelaça o poema
sonhei com teu sorriso desmedido e achei que um beijo poderia derrubar um sistema
quem dera eu, quem dera eu que a simplicidade fosse revolucionária
a anemia autodiagnosticada
o medo transformado em ação direta, a cara lavada
ressurgir e construir armaduras no peito, pistolas nos dentes
a luta a gente trava todo dia, o peixe que nada contra a corrente
por mal me fales, começarei por todos os lugares
hoje acordei simplesmente.



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