quinta-feira, 26 de março de 2015

submersão

a caixa d'água caiu sobre mim de novo
desabou o teto em cima da minha cabeça
a poeira me subiu inteira
estado de abandono
experiência de quase-vida
buraco no teto, cimento nas costas
água em todos os lugares
sempre há um momento em que tudo despenca
a caixa, o teto, os interiores
os sapatos encharcados não mais que os olhos
quem limpará tamanha bagunça?
o que mantém uma casa de pé?
telhas não seguram cachoeiras
que destroem toda a decoração
as cortinas persas
os móveis de madeira maciça
o sofá velho, estofado antigo
a TV de 55 polegadas
de nada servem
tentei esconder o rio embaixo do tapete
mas a correnteza era forte demais
a casa implodiu em um dilúvio
tal qual noé sem a barca
intro-submersão

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