domingo, 20 de outubro de 2013

a bailarina e o coala



refletores a encaravam e ela tentava se esconder entre a multidão de seres industriais. seu metal era feito de pétalas e tudo o que ela queria era ser uma pivotante. desceu. afundou suas entranhas nas entranhas da terra e lá deparou-se com um coala colorido, pelo menos com as suas costas. fez de tudo para vê-lo, ansiava conhecer suas cores, há quanto tempo estava ali embaixo e se também não gostava dos seres de cima. fez o que se recusava a fazer sob os refletores para despertar-lhe a atenção. dançou. talvez ela não quisesse vê-lo, talvez apenas quisesse que ele a visse. rodopiou tanto que fez calos nos pés e a falta de diligência do outro a aborreceu. já não se sentia confortável, asfixiava por espaço e sufocava por luz. a terra a engolia. rasgou suas raízes axiais e jogou-as na cabeça do animal indiferente, que finalmente se virou. ele tinha os punhos fechados e encostou a mão nos punhos dela, que estavam abertos. "o que faz aqui?" ela perguntou mas ele se virou e continuou a vegetar em sua estática imprudência. cansada, decidiu subir e dançar lá em cima. as luzes já não a incomodavam e suas estruturas primitivas precisavam crescer para retirar oxigênio diretamente do ar.

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