o espelho tinha caído. a criança ingênua olhou para cima tentando recuperá-lo, mal sabendo
que ele já estava no chão. estava quebrado e não havia nada a ser
feito. ao olhar em seus reflexos distorcidos visualizou
sua alma. viu uma garota pequena fazendo o possível para chamar a
atenção de quem mais lhe importava no mundo. viu-o ignorá-la. a criança dançava, pulava, fazia estripulias e piadas em vão, porque
apesar de tudo não conseguia captar seu olhar por muito tempo. tirou
um dez e descobriu que isso o tinha feito vê-la, quem sabe até
admirá-la! seria isso então. faria de tudo para ser a melhor em
tudo, não para si mas pra ele. o tempo foi passando e a pequena menina nunca entendia o porquê da
urgência de agradar a todos, a insegurança, o medo de não ser o
que esperavam de si. buscou em suas profundezas e tentou remendar o
espelho. juntou-o, colou-o. mas apesar de tudo ainda estava quebrada,
e na ausência daquele que mais amava sempre poderia ver as
rachaduras em seu frágil
reflexo.
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