terça-feira, 26 de novembro de 2013

aparente caos da máquina do cosmos

                   art by colleen cunningham
certo dia, admirei um senhor que se levantava todos os dias de manhã, cedinho, sentava-se na calçada e ficava olhando as pessoas passarem. por que será que aquele senhor escolhia acordar tão cedo para ficar sentado ali sem fazer nada? foi aí que me transportei para sua mente e vi os ônibus que passavam abarrotados de gente, os ciclistas que cortavam os carros (e vice-versa), as pessoas que preferiam se arriscar a caminhar nas ruas do que nas calçadas, os cachorros vira-latas que saiam a procura de comida, as carroças que passavam com seus cavalos trotando. em sua cabeça, todo esse caos fazia sentido. a velocidade da cidade interiorana, que queria se urbanizar, virava sinfonia diante de seus olhos. ali, sozinho, vendo cada pequeno indivíduo seguir com suas vidas, sentia-se completo. não porque vivia à margem da sociedade, mas porque conseguia ver o papel de cada um que passava por ali. os trabalhadores na parada de ônibus, os pais que levavam suas crianças para a escola, as pessoas que iam comprar pão, os estudantes com suas mochilas pesadas nas costas, os pedreiros labutando desde cedo nas esquinas. quem passava por aquele homenzinho, sentado, recebia em troca um olhar sereno e um sorriso reconfortante de quem entendia bem como funcionava a máquina do cosmos.  

2 comentários:

  1. Já te amo tanto e a cada texto seu que leio o amor e admiração só aumentam, parabéns pelo belo texto! E escreva mais, sempre mais!

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