levante esse corpo pesado do chão que
a sua condição não se resolverá sozinha. há tanto a se fazer e
ninguém a quem reclamar. enquanto escutava a música alta de seus
órgãos fundamentais funcionando, ah então estava bem, saiu
caminhando em busca de algo que ainda não sabia o que era. já que
não estava morta precisaria provar que estava viva. foi para a
cidade. os cabelos muito longos e ondulados, balançavam enquanto
caminhava, às vezes incomodando-a. as luzes de um parque de
diversões a distraíram de sua infelicidade e resolveu que lá era o
seu lugar. o moço que guardava a roda-gigante parecia interessado em
suas longas pernas mas tudo o que ela queria era sentir a brisa do
vento lá de cima. ignorou-o completamente, tirando o fato de que
meio que precisava dele para comprar os ingressos e ter acesso ao
brinquedo. mas depois disso ignorou-o completamente. esperou sorridente, na fila. não gostava delas e nem de expectativas mas às
vezes esperar era bom, aumentava o valor do prêmio final. sentou-se
sozinha em um dos bancos e preparou-se para subir. no início o
brinquedo era devagar, mas em sua primeira volta ganhou velocidade e
fazia o mundo girar ao seu redor. sentiu-se plena. era assim que ela
via a existência, um grande borrão de seres transeuntes e objetos
desfocados. por isso, a grande circunferência que girava era o seu
brinquedo favorito. dentro dele era o único momento que sabia que
todos ali se sentiam como ela, tonta e assustada.
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