quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

febre interna

Não pôde conter as correntes elétricas que tomaram conta de seu corpo.
Mas o pequeno xerife que morava em seu átrio direito não deixaria isso acontecer. O intruso chegou sorrateiro, um forasteiro naquela cidadezinha que ela chamava de coração. O pequeno xerife se indignou com aquele que se aproximava cada vez mais rápido, rápido demais em sua opinião. Primeiro foram os beijos, que enviavam sensações inusitadas para a cidadezinha, que ia se aquecendo, derretendo a sua neve interior e ficando mais quente. Depois foram as gargalhadas que ele incitava nela com as besteiras que falava, eram dois crianções. Seu corpo o queria mas seu cérebro dizia não. O cérebro mandou ordens para o pequeno xerife montar guarda e garantir que o forasteiro não entrasse em seu coração. Mas o intruso era persistente. Os dois se empenharam num duelo que só podia acabar mal. Sentimento contra pensamento, paixão contra sinapses nervosas, razão contra emoção. A teimosia do pequeno xerife só poderia durar por pouco tempo porque o forasteiro destemido sabia o que estava fazendo e iria roubar aquela cidadezinha pra ele, com seus moradores, o cérebro, o xerife e o baralho a quatro querendo ou não, pois era um pistoleiro profissional. Enquanto os dois duelavam ali dentro, seu corpo tremia. Febres internas, que indicavam que uma batalha estava ocorrendo dentro de si, a possuíam. No final, o xerife não resistiu às tentações e cedeu-se ao protótipo de Django. E, ao contrário do que muitas lendas dizem por aí, não morreu e, sim, apenas encantou-se com o intruso (que agora já não era chamado de intruso) e decretou-o conquistador daquelas terras. E o cérebro e o resto do corpo fizeram o que com essa situação? Bom, se o xerife decretou, todo o seu sistema funcional teve que concordar com o “jovem conquistador” morando ali porque afinal de contas não se deve violar a lei.

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