No dia que Júlio
queimou a casa eu estava dentro.
Ele usava um terno
preto e eu estava de pijamas. Discutimos um pouco sobre política,
sempre fazíamos isso na hora do jantar. Mas dessa vez fora
diferente. Ele estava distante, não conseguia se concentrar na
conversa. Desisti de humilhar seu governo e ele desistiu de mim.
Limpou a boca com seu guardanapo, levantou-se elegantemente da mesa e
pediu-me licença.
-Já terminou? -
perguntei olhando para seu prato de comida, que ainda estava cheio.
-Sim.
-Mas seu prato ainda
está cheio, querido. Não vamos desperdiçar comida!
-Eu não estava falando
da comida. Aliás tenha uma boa noite e durma bem, minha querida.
-Mas que porra é essa?
E explodimos juntos.
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